Já há um consenso na comunidade científica: as mudanças climáticas produzidas pela ação humana já estão afetando o equilíbrio ambiental do planeta. Essas mudanças se devem, sobretudo, à dinâmica imposta pela produção capitalista desde a Revolução Industrial – com a colaboração dos processes de industrialização nos países pós-capitalistas do Leste Europeu – que foram aprofundadas a partir dos anos 1970.
Essas mudanças estão levando um aquecimento do planeta que já chegou aos temidos 1,5ºC acima das temperaturas registradas no período pré-industrial. As consequências já podem ser vistas na forma de enchentes devastadoras, secas prolongadas, ondas de calor, tempestades e milhares de vidas perdidas, especialmente entre as populações economicamente mais vulneráveis.
As Conferências do Clima – as COPs – embora reiterem anualmente a necessidade de acelerar a transição de modelo, não são e nem serão capazes de produzir um pacto eficaz para enfrentar a crise climática. Os países do centro do capitalismo, principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, não assumiram até agora um compromisso efetivo com o financiamento da transição e as principais empresas poluidoras – em sua maioria, petroleiras – seguem operando sem qualquer limite e vem ampliando sua participação nas próprias COPs para bloquear medidas que enfrentem seus interesses fundamentais.
Na geopolítica da crise climática, os países ricos financiam a transição de sua própria matriz energética, enquanto cobram dos países da periferia e semiperiferia do capitalismo que sirvam como exportadores de matérias primas altamente poluentes, muitas vezes contando com a colaboração de governos e empresas locais, que enxergam nessa dinâmica uma forma de obter ganhos rápidos.
Acontece que o tempo corre contra nós. A ideia de um desenvolvimento baseado no extrativismo e em altos padrões de consumo é incompatível com as demandas da transição ecológica. Extrair mais e mais combustíveis fosseis, depredar biomas para a expansão da fronteira agrícola ou investir em energias altamente poluentes, são caminhos que aprofundam a crise climática e se associam à pior forma de negacionismo.
Se nada for feito, em algumas décadas regiões inteiras do Brasil e do mundo se tornarão inabitáveis. Pessoas morrerão de fome, de calor ou de fome. O cenário pode parecer dramático, mas a verdade é que estamos prestes a chegar a um ponto de não retorno. Por isso, um projeto que se diga anticapitalista, deve colocar no centro de sua agenda a luta contra as mudanças climáticas e por uma transição justa, que inclua as maiorias, enfrentando as frações de classe que lutam para manter seus lucros ao custo da destruição do planeta e transforme a dinâmica predatória que marca essa etapa do capitalismo.

